Isolda King, age 28, desligou a televisão um dia com a certeza de haver encontrado a sua alma gêmea. Ou pelo menos o caminho para encontrá-la...
Natural de Dubrovnik, Croácia, Isolda havia crescido em meio a muralhas medievais e histórias de reis e rainhas. Após perder os pais aos dezesseis anos, esturada em escolas e universidades pela Europa. Até o dia em que decidira largar sua última incursão, dessa vez na ciência política, para estudar teatro em Nova York. Dos prédios medievais, góticos e renascentistas, passara para outra paisagem.
Por dois anos, estudou, ralou, cantou, dançou e, claro, serviu várias mesas para garantir a realização de seu mais novo sonho. Não que ela tivesse muitos problemas em se sustentar. Herdeira de uma pequena fortuna, administrada pelo seu tio, ela podia vagar de projeto em projeto, sem muitas preocupações além de qual seria a próxima aventura quando se cansasse da atual.
Porque a vida, para Isolda, era, sem dúvida, uma aventura.
Não que ela fosse inconsistente, no way. Inteligente ao extremo, com um temperamento tranquilo, ela simplesmente não se ajustava. Nada fazia sentido quando a novidade de um novo estudo acabava. E assim ela seguia em frente.
Atuar fora a diferença. Ela seguira os dois anos de curso, dedicara-se ferrenhamente à rotina extenuante de atriz iniciante; marcava lugar na fila às quatro da manhã para as audições, estudara todos os livros que chegaram às suas mãos, aprofundara seus conhecimentos de filosofia, psicologia. Enfim, dedicara-se o máximo, e assim se formara com destaque.
Ao se mudar para Los Angeles, ela já tinha tudo planejado na sua cabeça. Chegara com a indicação de um agente bastante conceituado na cidade mais competitiva do cinema – exceto, talvez, Bombaim... Participara de inúmeras audições, estreara em uma ponta em um filme independente, fizera novos contatos.
Mas, mesmo com um início promissor, ainda tinha muito tempo livre nas mãos. Já fora da escola, achara desnecessário continuar com o papel de estudante que se sustenta. Vivia confortavelmente dos rendimentos que lhe cabiam, buscando o sucesso e vagando pela cidade mais esquisita que já conhecera.
Com muito tempo livre, e também como método de pesquisa – claro -, passara a ver todas as séries de televisão de sucesso no momento. Apaixonou-se por True Blood, e viu as três temporadas em uma semana.
Havia perdido os filmes da saga Crepúsculo no cinema, então comprou os DVDs e viu os três em um dia.
Já que os vampiros estavam em destaque, aproveitou para ver Vampire Dairies. E por que não? Com o fim da temporada em maio, ela completou seu círculo de amor romântico e romance sanguinário.
Ao fim do último episódio de VD, Isolda pegou o telefone e ligou para seu agente, marcando uma reunião para o dia seguinte. Era caso de extrema urgência, ela explicou.
Chegou ao escritório de Will em cima da hora, como era seu costume. Mas não atrasada; isso, jamais. Conversou um pouco com a recepcionista, tomou uma água e esperou que seu digníssimo agente a recebesse.
Entrou no escritório simples e bem cuidado e sentou-se na cadeira que lhe foi oferecida.
E, sem muita conversa, foi logo ao assunto:
- Fitzwillian, preciso que você me coloque como protagonista num filme de vampiros.
Por essa o agente não esperava. Assim como não contava com o apelo ao seu nome completo, que odiava.
- Eu sei que a demanda anda grande, a concorrência é impensável. Não sou mais adolescente, o que realmente pode ser uma grande desvantagem. Mas não pode ser um papel secundário. Preciso ser a heroína. Minha vida e felicidade realmente dependem disso.
Essa história ficava cada vez mais estranha.
- Veja bem: já estudei literatura inglesa, russa e francesa. Matemática e contabilidade. Ciências políticas e filosofia. Gastronomia, cinema e, claro, pintura. Não sou tonta, burra, feia ou desinteressante. Converso com qualquer pessoa em qualquer lugar sobre qualquer assunto. Meu desempenho dramático é excelente, e me formei com destaque em NY. Leio de tudo, assisto a tudo, adoro música. Consigo me entrosar perfeitamente com uma criança de 2 anos ou com um intelectual convencido de 70. Já viajei o suficiente para uma vida inteira. Hoje sou feliz, encontrei o que amo fazer. Só falta, realmente, uma coisa.
E a incógnita seguia seu rumo.
- Amor, Will! Não sei o que é o Amor!!! Conheci homens interessantes, inteligentes, atraentes, mas por nenhum deles me apaixonei realmente. Tive namoros, fui feliz. Mas não conheci o romance real. True Love. E sem True Love, não acho que eu consiga viver.
Fazia sentido, mas Will não entendia onde entravam os vampiros nessa história.
- Will, você já prestou atenção às histórias de vampiro que andam por aí? Bella e Edward? Sookie e Bill e Eric? Elena e Stefan? Elena e Damon? O Amor é a cura para a inadequação, a dor, a solidão. Ele eleva a alma e redime os que perderam a alma e vagam pelo mundo sem pulso no coração. O Amor move o mundo, desmorona barreiras, une opostos, ultrapassa os limites de uma existência sem sentido. O Amor, Will, eu quero encontrar. E acho que agora sei qual o caminho.
Dramática ela sabia ser. E sincera, apaixonante e ingênua. Mesmo o contido Will, com sua vida simples apesar da confusão do meio em que se movimentava, sentiu um impulso de levantar da sua cadeira bege e buscar a felicidade de um true love. O impulso passou rapidamente, e ele ainda estava sem saber o que isso a busca pela realização romântica tinha relação com o pedido da sua cliente.
- Você não está fazendo seu trabalho direito, Will. Já prestou atenção? Kristen Stewart e Robert Pattinson, depois de uma curta vida de decepções amorosas, encontram o Amor, juntamente com Bella e Edward. Uma história feita para os filmes, eles se apaixonaram. Seu amor, claro, era impossível, escolhas foram feitas e agora, diante do mundo, eles estão unidos e apaixonados. Ian Somerhalder não parece ser um cara muito monogâmico, mas encontrou sua alma gêmea em Nina Dobrev, dando a seu Damon uma vantagem que Stefan nunca iria conseguir. E Ana Paquin? Ela não só encontrou o amor, como casou – CASOU, Will – com Stephen Moyer, o vampiro Bill, o primeiro amor da sua personagem Sookie. Felizes e apaixonados, eles andam pelas ruas de mãos dadas, em LA, Paris, NY, dizendo para mim que o meu caminho ainda não está completo. Mas agora eu sei, Will, e esta passa a ser a sua missão também.
Will queria acrescentar, no meio desse discurso inflamado, que o amor romântico era um mito, - e Isolda, como seu nome e cultura medievais, devia saber melhor que ninguém - e que true love era um bom elemento de histórias de ficção, mas, na vida real – principalmente na vida dos atores e atrizes -, ele não era muito true nem para sempre. Tampouco, era uma fórmula mágica.
A coincidência era grande? Talvez. Mas, a seu ver, bastava juntar duas pessoas – horny adolescentes, sobretudo – em cenas calientes e a true attraction aparece, sem dúvida.
Mas não era ele que iria dizer tudo isso a ela.
Além do que Will não era realmente cínico. Fitzwillian George the V Transitava por um mundo cruel, mas conseguia manter-se firme e honesto. Com muito esforço e perda financeira, havia construído uma boa reputação. Conseguira nao verder a alma - sem trocadilhos - para realizar o seu trabalho, e por isso já se considerava satisfeito.
Ele também não havia encontrado True Love. Nem pensara nisso. Relacionamento para ele era sexo, e até agora estivera feliz com suas escolhas.
Felicidade e certeza que evaparam no momento em que Isolda entrara na sua sala. O mundo havia parado, o ar se tornara rarefeito e Will tinha descoberto que ele não sabia nada de nada, principalmente sobre o Amor. Outra felicidade se formara nele, então. Desde esse dia seu coração se partia toda vez que a via.
Mas, again, não era ele que iria dizer isso a ela. Not today.
- Assim, Will, meu querido agente e amigo, sua missão agora são os filmes de vampiro. O Amor Verdadeiro sinalizou o caminho para mim. Basta encontrá-lo, e nisso conto com sua ajuda e dedicação. Bom dia para você e boa procura.
Isolda levantou, fechou a porta com delicadeza e deixou Will novamente sozinho no seu escritório, pensando como diabos ia fazer para se tornar ator.
Na semana passada, vi as fotos de Nina Dobrev e Ian Somerhalder, de Vampire Diaries, em Paris. Os dois se conheceram na série e hoje namoram. Eu comi mosca, porque não sabia. Isolda nasceu, então. Porque realmente é demais. Você está na sua casa, tranquilo, vai fazer um filme ou série de vampiro, e, bum, fall in love. Vampiros alcoviteiros...
True Love como expressão absoluta eu conheci em A Princesa Prometida (The Princess Bride. Rob Reiner, US, 1987), que eu aaaaaaaaaaaamo. Amo. E a trilha sonora de Mark Knoples é the best. Por ele eu peguei meu primeiro livro em inglês (de William Goldmann, com homônimo do filme), já que não o encontrava em português. Nele, quando se fala em True Love, explica-se tudo. Não há dúvidas, incertezas ou questionamentos. Simples e complicado assim.
Ao revisar a história agora, uma frase me vinha à cabeça - viver sem amor? mas isso é horrível!!! Ouvia o personagem gritando, sabia que se tratava de um filme especial para mim, mas não conseguia conectar com o nome. Quando estava para desistir, lembrei. E como pude esquecer? Christian, em Moulin Rouge (Baz Luhrmann. US, Austrália, 2001), na sua fala antes do Elephant Love Medley. All you need is love.
AAAAAMMMMMEEEEEIIIII esta história!!!!! Tudo nela. O mote é genial, descrição da cena é tão intensa que conseguia imaginar os trejeitos dos personagens... e o desfecho é perfeito.
ResponderExcluirQuando achei que não podia melhorar, você menciona o Christian! Ahhhhhh!!!!!!
Um bálsamo para essa sleepless sem costume (são 1:34 da manhã!!).
Beijinho.
Eu aaaaaaaaaamo essa história também. Isolda é muito querida, rs. E Dubrovnik foi em sua homenagem, sis! Você esteve muito presente na criação da Isolda...
ResponderExcluirAll we need is love!